quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Degradação: deputado da Alesp chama Bispo que criticou Bolsonaro de "safado" e "vagabundo"

Durante discurso no púlpito da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o deputado estadual Frederico D'avilla (PL/SP) xingou o arcebispo da Arquidiocese da cidade paulista de Aparecida, Dom Orlando Brandes, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Papa Francisco. Se referindo aos dois líderes religiosos, o parlamentar usou termos como "safados", "vagabundos" e "pedófilos". 

O vídeo choca; nem de longe apresenta os elementos de etiqueta que o processo civilizatório exige. É verdadeiro, mas o discurso não se trata de fato político ocorrido nesta semana; aconteceu em outubro do ano passado, conforme a própria data registrada nas imagens que viralizaram no ano passado e que voltaram a viralizar nas últimas horas. O motivo? O fato que provocou a destemperada reação do parlamentar, teve um capítulo semelhante nesta semana.


Entenda o caso


Durante as comemorações do feriado de Nossa Senhora Aparecida em outubro de 2021, o arcebispo Dom Orlando Brandes fez uma pregação que se tornou um incômodo para o governo de Bolsonaro. Ele disse que o lema “Pátria amada Brasil” (última frase hino nacional) não deveria ser confundido com "Pátria armada Brasil", uma clara crítica a Bolsonaro, que defende o armamento da população, embora sem mencionar o nome do mandatário. 



O recado incomodou tanto que o deputado Frederico D'avilla - que é apoiador de Bolsonaro e pertence ao mesmo partido do presidente - fez um discurso na tribuna do plenário da Alesp, em 14 de outubro do ano anterior, proferindo xingamentos ao arcebispo, palavras que se estenderam ao Papa Francisco e a CNBB. O vídeo com o discurso viralizou nas redes sociais.


Nas últimas 48 horas, o vídeo voltou a viralizar e aparentemente mais do que no ano passado. 


O motivo é que o arcebispo da Arquidiocese de Aparecida, Dom Orlando Brandes, voltou a pregar um sermão, durante as comemorações do feriado de Nossa Senhora Aparecida nesta semana, que foi interpretado pelo deputado como mais um recado a Jair Bolsonaro. Na última quarta-feira, 12 de outubro, em homilia proferida na principal missa celebrada no Santuário de Aparecida, o arcebispo falou, mais uma vez sem citar o nome de Bolsonaro, que o Brasil precisa "vencer muitos dragões".


"Temos o dragão do ódio, que faz tanto mal. E o dragão da mentira, e a mentira não é de Deus, é do maligno. O dragão do desemprego, o dragão da fome. O dragão da incredulidade", disse. Dom Orlando Brandes disse ainda que é necessário o cristão exercer o direito ao voto, "o poder do povo". Em seguida, o líder católico falou mais uma vez sobre a fome e destacou que o país necessita de "paz e fraternidade". 


Em coletiva de imprensa após a missa, o arcebispo criticou a maratona do presidente em missas católicas e cultos evangélicos em busca de votos. Ao ser questionado sobre o uso da religião com finalidade eleitoral, o religioso declarou:


"Não podemos julgar, mas nós precisamos ter uma identidade religiosa. Ou somos evangélicos ou somos católicos. Precisamos ser fiéis à nossa identidade católica, mas seja qual for a intenção (do presidente Bolsonaro) vai ser bem recebido, porque é nosso presidente e é por isso que nós o acolhemos”, respondeu mostrando exemplar educação.


Por causa da pregação e das declarações do arcebispo nesta semana, os apoiadores do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estão viralizando o vídeo.


Em tempo, as críticas do arcebispo Dom Orlando Brandes ao atual presidente da República foram respeitosas. A fúria do deputado paulista Frederico D'avilla foi injustificável. Mas, mais do que pela contundência, as palavras do parlamentar chamaram a atenção pelos xingamentos direcionados ao líder religioso e ao Papa Francisco.O parl amentar se referiu aos dois líderes católicos como "safados", "vagabundos" e "pedófilos". 


“Seu safado da CNBB dando recadinho para o presidente [Bolsonaro] (…) Seu vagabundo, safado, que se submete a esse papa vagabundo também. A última coisa que vocês tomam conta é do espírito, do bem-estar e do conforto da alma das pessoas. Você acha que é quem para ficar usando a batina e o altar para ficar fazendo proselitismo político? Seus pedófilos safados, a CNBB é um câncer que precisa ser extirpado do Brasil”, ofendeu o deputado; um despropósito, pra dizer o mínimo.


Uma reflexão não tardia


Embora tenha ocorrido no ano passado, mas relembrada nesta semana, aquela boçalidade é útil para uma necessária reflexão. A atitude vergonhosa do deputado Frederico D’ávila segue a lógica do bolsonarismo com seus reiterados exemplos de grosseria, e tendo em Bolsonaro o referencial máximo de estupidez expressa em reincidentes e numerosos atos de falta de urbanidade; gestos, infelizmente, emulados por uma multidão de apoiadores; não por todos, óbvio, mas as condutas reprováveis não são coisa pequena. 


Em um contexto de liberdade, é possível discordar sem desrespeitar. O lamentável é que essa lição ainda não foi aprendida por muitos bolsonaristas.


Clique no link abaixo para ver o vídeo com o discurso cheio de ódio do deputado Frederico D’ávila. 



Deputado do PSL xinga arcebispo de Aparecida, CNBB e Papa Francisco: "vagabundos" e "pedófilos" - YouTube



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