É assim que Sônia Amaral, em seu segundo livro, assume despudoradamente rever pontos de vista que, tal como as águas de um rio, tangem margens e refazem percursos. E mergulha na dialética pré-socrática inaugurada por Heráclito na célebre frase: “Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio, porque tanto a água quanto o homem mudam incessantemente”. A coletânea reúne repertório largo, desde 1999, com a estreia de “As mulheres e o Mundo Jurídico” e segue por assuntos que têm lhe exigido reflexões instadas pela filosofia, pela economia, pela literatura, pela psicologia e por aí, vai.
A autora faz ainda seu retrospecto biográfico e pinça dos anos de universidade uma certa formatação intelectual sedimentada no “rompimento com tudo” como o melhor caminho. “Me encantava a ideia de um tal “mundo melhor”, mais igualitário, confesso que as propostas para tanto, a meu juízo, já pareciam equivocadas, só que à época não conseguia identificar com precisão como e porquê. Eis aí o motivo de não ter embarcado de cabeça na aventura revolucionária…”, arremata. O restante é provocar os leitores a perseguir esse talvegue. Como ela mesma diz, “Bingo! Aí está o rio”.

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